quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Revival

Deus e o Diabo tocou domingo antes do Carnaval. Aí, lembrei dessa.
http://www.deuseodiabo.com/rockdeinverno5.htm

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Oraçãozinha (A meia-volta Depois de Deus)

Não estou só
pois tenho a mim
mas eu preciso
tanto de ti
pra chegarmos logo
onde
eu
não
sei

Gossip girl

Não consigo levar a sério essa gente aí do lado.
(só pensando)

Era uma vez...

- Eu cai, nesse bar.
- Como?
- Tava meio bêbada, não vi aquela rampa.
- E aí?
- Vieram me levantar. Aí toda hora que eu ia no banheiro, faziam tipo um cordão de isolamento, com medo de outra queda...
- Olha a bêbada.
- É.
- Eu sempre caio. Já cai de joelhos de uma escada, degrau por degrau.
- Eu escorreguei degrau por degrau, quando tinha uns 15 anos, descendo do palco de um show da nossa banda, o Rock´n´Roll de Antes.
- Do palco?
- É, de bota de camurça, jaqueta de couro, camisa aberta, tipo Sebastian Bach...

A escolhida

- Lembro que fui no Close-up Festival, em São Paulo. De ônibus. Não teve.
- Puta.
- Na volta, fizemos uma rave, com flashes das máquinas e benflogin.
- Ah.
- Atiraram uma pedra na saída da cidade. Estourou o vidro e deu na minha cara.

Viajando com Bri 2

- Ele e o namorado comeram os cogumelos mágicos, em Amsterdã.
- É?
- Tem até cardápio: esse é mais forte, mais fraco, viaja assim, alucina, dá sono, essas coisas...
- E aí?
- Compraram limão, que disseram que cortava o efeito, se desse merda.
- E...
- Deu merda e chuparam um monte de limão.
- Por que?
- Tavam de bicicleta no parque, de noite, e acharam umas bruxas, e crianças com velas, e um amigo ligou na hora, no celular, dizendo que eram violentas...
- E eles?
- Fugiram.

Pedra

Vele-me vivo
num cortejo de avenida
e cruzes na esquina
junte as cinzas
em papel alumínio
vele-me vivo
pra que eu sinta alguma coisa
por mim ou por ti
me acorrente
a um amor
que perdi
é bom
nem experimentar
é bom

E nós aqui juntando nossos cacos

- Que é isso?
- ...
- Tu quebrou tudo...
- ...
- Tu acha que tá num clipe do Guns´n´Roses?

Country girl

- Tu é gay?
- Não sei.
- Como "não sei?".
- Que diferença faz?
- Eu gosto de meninas e meninos.
- Mas ela é minha.
- Quem disse que eu quero?.

Vindo do ontem

- E aí?
- E aí?
- Sumido.
- É.
- Fugiu de mim, não me respondia.
- É.
- Fiquei mal.
- Tu sabe porquê.
- Não.
- Eu estava gostando de ti.
- Não sei se acredito.
- É melhor nem acreditar.
- Tua vida perfeita.
- ...
- Mas agora estou bem.
- Morando lá ainda?
- Não, faz tempo.
- Onde, então?
- Mama.
- Colinho é bom.

Bóia esvaziando

- Essas músicas me esgotam.
- Não sei como tu consegue tocar elas.
- É.

Quase igual

Se eu morrer amanhã
peço desculpas
por minhas fraquezas
por meu egoísmo
se eu morrer amanhã
não se culpe
eu fui fraco
me escondi
tocou a campainha
chamou até cair
meu tempo passou
cansado
e o espelho
joga na minha cara
o meu rosto
minhas roupas
não me servem
você vai me deixar
aqui
aqui
aqui
aqui
Se eu morrer amanhã
cuide dos gatinhos
e das plantas
procure amigos
se eu morrer amanhã
estude
trabalhe
faça um filho
tocou a campainha
chamou até cair
meu tempo passou
culpado
por ser burro
e ter perdido
todos esses anos
eu preciso de ajuda
você vai me deixar
você vai embora
você vai embora
você vai embora
você vai embora

Vice-versa

- Aí tu escreve tudo, expõe a gente.
- Se tu parar de fazer isso, também não escreve nada.

Água pelo nariz

Estava me afogando inconscientemente
agora me afogo conscientemente

Viajando com Bri

- Paramos no meio do nada, imagina, num ampm na Islândia...
- E aí?
- Tudo caro, peguei um pacote de salgadinhos, roxo. O Miti pegou caviar. Dono da empresa, jovem, gay, bem-sucedido...
- Bah.
- Só que na hora de pagar meu salgadinho custou cinco vezes mais.
- Ah.
- Peixe, peixe.

Limãozinho

- E essa cara de acabado.
- ...
- Antes de te matar, pensa que tu vai matar dois.
- Fica tranquilo, cara.

Velório

Você quer ser mãe
quero ser pai
o ano que vem chegou
até o natal
um ano novo
ou um velório

Consulta

- Fui no Esquina.
- Quando?
- Quarta.
- Bebida liberada.
- É.
- Quantas mãos na tua bunda?
- Bah, cheio, foda.
- É. Dia de caça.
- Engraçado como percebem que tu é hetero de cara.
- Sentiu isso?
- É. Não dá nem para se fazer de entendida.
- Tirar uma casquinha.
- É.
- Parece que há um culto ao homo.
- É bonito.
- Boa parte fachada. Na hora...
- Só tem que cuidar com as caminhoneiras do Oriente.
- Ãh?
- É, as auxiliares de enfermagem.
- Não sei.
- Uma amiga passou mal e recebeu ajuda até demais...
- Vai sair?
- Não sei. E tu?
- Não sei.
- Me liga, para gente combinar, pra conversar.
- Não ando boa companhia.
- Não te faz.
- Tá. gosto de ti. És uma pessoa leve.
- Também te curto.

De família

- Ela quer ficar na Europa.
- Ela é loca.
- Quer ficar de babá, garçonete, "garçonete dançante"...
- Ah, não...
- Aí, vamos interditar ela?

Ui

- Eu não queria ser a bêbada da Fila´s...
- Qual teu nome?
- Ameixa.
- Bonito.
- Sofri muito já.
- É?
- Quando era criança.
- Sim, imagino: "Vou comer Ameixa".
- É. Meus pais são hippies.
- Ah.

- E eu fiquei esses dias com a barriga inchada.
- É?
- Fui no médico, mas eles não sabem nada.
- Por que?
- Tenho raiva de médico.
- É, se pensar, é gente que perdeu algumas coisas da vida e tem que ganhar agora.
- Não sabiam o que eu tinha. O intestino estava enrolado.
- Nó nas tripas.
- Vamos pegar uma cerveja comigo?

Comunicado oficial (justificativa de ausência)

A verdadeira história oral está guardada
o nome do blog vai mudar para
como (quase) perder amigos
falta coragem para contar tudo

agora.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Charco

Que sol sou
eclipse
que mais mal
eu fiz
que detalhe
eu perdi?
que sal sou
repito
que mais mal
fiz
que já esqueci?
no charco em que eu
deixei minhas botas
tinha uma flor
que eu tirei da chuva
que eu trouxe pra ti
e murchou
murchou

O escato

- Fui caminhar com ela na praia hoje.
- Ah.
- Me deu dor de barriga.
- É?
- Aí eu tive que ir num banheiro químico.
- Se na tuas viagens tu forra o vaso e a tampa com papel, deve ter cagado em pé, se segurando com os dois braços nas paredes...
- Quase. Mas pulou um pouco no braço.
- E tu?
- Mostrei para ela.

De quem, mesmo?

Como é a sensação
quando todo mundo te rodeia?
como você lida com isso?
as multidões te fazem se sentir só?
o que você diz quando as pessoas
vêm tentar te obrigar a se definir?
os conhecidos sorriem,
mas não há nenhuma compreensão nisso
como, depois de algum tempo
você continua a cair da mesma montanha?
tente explicar isso,
mas nada realmente chega tão alto assim
saia furtivamente de manhã,
o amor já é passado para você
é um hábito que você está criando,
este corpo desesperado por algo novo
apenas uma questão de sentimento
esses momentos de loucura certamente vão passar
e as lágrimas secarão enquanto você parte
quem sabe, você pode achar algo, afinal
a emoção é um jogo,
guardado para uma segunda chuvosa
mas você ri do mesmo modo,
pois caiu um toró no domingo
ligue para seus números,
nunca deixe os zeros te colocarem pra baixo
como é a sensação?
é pesado demais para segurar?
o que quer que você decida no momento é sagrado
sempre que você desacelera para ver a vida passar

Horóscopo

- Eu estou preocupada com vocês.
- Eu não estou pensando claramente, nem sei o que te dizer.
- Vocês precisam buscar ajuda.

Um dedo no cu

- Acho que tu tinha que sair fora.
- É díficil para quem ama por completo.
- Ela não te respeita mais.
- Eu sei.

Agda

Teus olhos ancestrais
tua natureza que não sorri
deslizando na ponta dos pés
numa espera repetida
em tons de cobre
e preto e branco

O cavalo branco

- Ela disse que tu é o único que ela ficaria aí.
- É?
- Só que ela tem medo de ti.

- Bah.

Jesus de areia

- Cuida com onde vai acabar isso...
- Ah, pára.
- Acho que tu tá indo longe demais.

Uma adaptação de Charles Manson

Enquanto você desperta
os dias continuam passando
pense que você está amando mas tudo o que faz é reclamar
você pode sentir mas... estes sentimentos são verdadeiros?

preste atenção no que está fazendo
preste atenção no que está fazendo
que desilusão
que desânimo
em meio a toda essa correria
frustração e dúvida você pode viver sem isso?
e isso é triste
apenas dizer que amor não é suficiente não pode ser verdade

e você pode dizer as mentiras que quiser
mas você engana apenas você
você não pode sentir?

todos estes sentimentos não são reais?
então é melhor você parar de tentar fazer isso
você pode viver sem isso?
então...

Uma dose...

... de imaginários-beijos-de-língua-de-antes-do-novo-mundo

Eu sou você amanhã

- Parei com as poesias. Vou lançar um livro com exercício de matemática.
- Ah...
- Pensei em escrever sobre a minha loucura, mas ia chocar.
- Ué, escreve.
- É, né?
- Eu tenho escrito umas bobagens, umas frases, a história oral.
- Haikai.
- Só banalidades.
- Mas a história oral é isso, tipo aquela música, "deixaram o bolo na chuva".

Junco

- Tu é muito engraçado.
- Por fora.
- Ah, não faz drama. Não consigo te imaginar triste.

Fundo infinito

- Como é que vocês estão?
- ...

Ninfa

- Sonhei que tu tinha engavidado uma guria de 19 anos.
- É?
- E me disse que pelo menos ela podia ter filho.
- Tu que apronta e eu que engravido.
- Que apronta... te faz de santo.
- Eu não me faço.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Não reze por mim hoje, mas por amanhã de manhã

Eu queria ver o céu cair
afogando as nuvens de paixão
um desabamento
de fachada
que desfigurasse os rostos
queria esvaziar cabeças
envenenando-as com álcool gel
sem cabecismos
só um fósforo meio molhado
um trem de pouso travado
como a tua cara
comum
num álbum de casamento
rasgado
enquanto eu sou expelido
como um bebê virado
num aborto de seis meses

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Seqüestro

Quando eu vivia dentro de mim
eu nem me preocupava com quem eu era
aí você abriu aquela portinha
eu demorei a sair
subi a escada, andei pela casa
tinha o mesmo cheiro que tinha lá embaixo
pra mim era o teu cheiro
e era tanta proteção
que eu tinha esquecido aquele tempo
em que não queria admitir
que gostava de ti
e não querias admitir
que gostavas de mim
e me jogou na cara aquelas coisas
(hoje eu sei que era mentira)
e me fudeu a seco
(eu fingi que gostava)
achas agora que eu tenho que sair
porque até já passou da hora
queres alguém diferente para assustar
para deixar se achando
para olhar dentro do aquário
(o que eu faço agora
que acho que ninguém presta?)

Esse pedaço teu é meu

(eu não vou vomitar)

Janeiro rain

Bupropriona

Eu realmente seria capaz de tudo por ti
menos aceitar ser nem um pouquinho menos que qualquer um

Scripts people play

- Quem tu gostava nos quadrinhos, nos desenhos?
- Ah, o Cebolinha, o Pato Donald, o Charlie Brown, o Tom...

Rei Nada

E vamos culpar aqueles romaninhos que foram criados para ser reis?

Livros sublinhados

Nenhuma novela dura para sempre.
Tem que sair do personagem, Angelina Jolie.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

- Estou tão feliz.
- Tá namorando?

Anemia

Onde eu estou:
1. ( ) céu
2. ( ) inferno
3. ( ) purgatório
4. ( ) limbo
Pra onde eu vou:
1. ( ) céu
2. ( ) inferno
3. ( ) purgatório
4. ( ) limbo
O que eu queria?
Simplesmente conseguir enxergar.

Débil

Fiz uma poesia pra ti
(tem que ler rápido e em voz alta)
quente
como quente sou por fora
e és por dentro
calor sente-se aqui
como sua bunda

Segundona, não

2 a 0 pra ti.

Dizem...

Sorte no amor
azar no jogo

O amor é a verdadeira sacanagem

- Te beijo e fico de pau duro.
- Fica de pau duro porque me beija ou porque beija?

Auto-escola

- Eu vou rodar para sempre na prova dos sinais?
- Como assim?

Freeway

- Engata a quinta.
- Eu nunca engatei a quinta.
- Reduz, olha o pedágio...
- Como reduz da quinta?
- Vai mais devagar, tá a cem...
- Me dá o vinho.
- Tu não pode beber dirigindo.
- Mas é bom...
- E se um cachorro passar, tu sabe o que fazer?
- Tá, tá, deixa ela...
- Só a Ina pode falar, com a voz mansa, baixa...
- Calem a boca.
- Se um bicho passar só não vira a direção...
- Não acendi a luz para os gatos todos os dias.
- Olha, olha, fica na pista.
(...)
- Parabéns.
- Idiota, tu vai ver.
(...)

- Vocês se juntam e são Hitler e Mussolini.
- Ah, tá.
(...)
- Se tu falasse com a vozinha da Ina, diriam: "não fala como se eu fosse uma idiota".
- É, não tem chance.
- Abobados.

Não te tortura...

Relendo as cartas, cartões, bilhetes, desenhos que me mandaste
senti uma saudade de alguém que talvez eu nunca tenha sido

Santo casamenteiro

- Ele é interessante, né?
- Vai, fala com ele...
(...)
- Vai lá, racha no meio...
- Mag, meu amigo...
(...)
- Tu é engenheiro?
- Mais ou menos.

Tatuagem

- Passagens na mão.
- Yeah! Quer casar comigo?
- Tu é muito cara de pau. Depois de nove anos me pede em casamento? Espera mais uns nove.

Britney

A cantora Britney Spears escreveu uma carta afirmando que "talvez seria melhor se estivesse morta", informou nesta quarta-feira o tablóide inglês The Sun. A carta da cantora americana de 26 anos foi encontrada por um amigo de Britney no início de janeiro.
De acordo com o tablóide, a carta deixa em evidência "um sentimento de solidão e desespero por não poder corresponder às expectativas de sua família e seus fãs". Médicos e pessoas próximas à cantora acreditam que a jovem precisa urgentemente de ajuda, já que sofre de ataques de pânico e está com doenças mentais.
— A cantora sofre de problemas mentais há anos — declarou uma fonte ao Sun.
A publicação londrina explicou que a depressão de Britney e seus distúrbios de personalidade múltipla "parecem ter piorado". Phil McGraw, médico americano consultado pela cantora recentemente, disse que Britney "precisa urgentemente de atenção médica e psicológica".
— Estou muito preocupado com ela — acrescentou.
Segundo o tablóide, Britney está "aterrorizada" com a possibilidade de perder para sempre a guarda de seus dois filhos, Sean Preston, de dois anos, e Jayden James, de um ano, após uma batalha judicial com seu ex-marido, Kevin Federline.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

O último romântico

Se livrando de mim aos poucos
em placas de catarro

Sexta-feira

Saindo desse bar
cada vez menor
reescrevendo na cabeça
bilhetes de suicídio

Almas mortas

Tanta beleza aí fora
e aqui dentro
tanta feiúra

Natascha Kampusch

Ao ler aquela carta que recebeste me senti Wolfgang Priklopil.

A Terra é redonda

Eu falava da banda com orgulho
eu falava dela com orgulho
eu falava do trabalho com orgulho
a banda acabou
ela me deixou
e o trabalho...

O lado de cada um

- Ele bateu nela.
- Não acredito.
(...)
- Tu te separou?
- Acho.
- Separar de mulher bonita...
- Rã.
- Dá uns tapas nela e era isso.

SOS

Eu preciso logo que alguém me diga coisas boas que eu tenho ou tenha feito
eu não consigo ver, não consigo ver

Lady

- Gosto de mulher-macho.
- Ela é mulher macho?
- É, às vezes.

Verdade ou mentira...

...o que importa é o recado

Diploma

- O Aquiles ganhou o prêmio Esso e o Chê um estágio em Londres.
- É.
- E tu?
- Perdi a família.

Megadeprê

Por que não tivemos um filho?
O que poderia ter sido tão mais nosso?

Aqui do lado

- Vou a Charqueadas.
- No presídio.
- É.
- Ver quem?
- Meu irmão. Não se ajeitou...
- É foda.
- Fui no Central já, não aguentaria.
- É.
- E ele não fuma, não bebe. Não sei como aguenta. Se tivesse um vicinho, ainda...
- É.
- Mas dia de visita tem até churrasco.
- É?
- É, pra quem tem visita. Quem não tem fica andando no sol, fumando. Pra lá e pra cá.
- Bah.
- Mas em Charqueadas tem de tudo, celular, geladeira daquelas que bota o copo e sai água gelada. Na galeria dele tem quatro tvs de plasma.
- Credo.
- Conheci o traficante que manda lá. Respeitam o cara.
- É?
- Tu não dá nada. Ele não bota a mão em nada. Só manda entregar pra fulana, pagar ciclano. Manda matar. Tudo pelo celular.
- Se tu gostou tanto a gente arruma um jeito de te hospedar lá.
- É, é.
- Te boto uma grana, tu pega um peso, passa, me dá uma parte... Mas não me conhece.

Encosto

- Como vão dividir as coisas?
- Sei lá.
- E a casa?
- Fica pra ela. Te imagina nove anos comigo?

Quarta

- Tem?
- Já era.
- Como tu tinha.
- Me oferecem o tempo todo.

Ah...

- Ela achou que o irmão era gay.
- Por quê?
- Saiu abraçado contigo do bar.
- Carregado.
- É, eu disse. Podiam ter se matado com ele dirigindo.

Sexo.380

- Ela e a namorada...
- Tu tem namorada?
- Sim, ela tem.
- Ah, pra quê contar isso...
- O cara nunca vai se comparar a uma mulher.
- Se lamber bem.
- Não, não, não é a mesma coisa.
- Vocês botam pinto de borracha?
- Bah, que sem noção. Aí que graça teria...
- Vocês não entendem nada.
- Mas esse aí já tá apaixonado, agora...
- Rende punheta.
- Ele parecia um gigolô, me empurrando para ela.
- É?
- É aquela história: mulher pode.
- Queria participar.
- Claro.
- Não, não. Só machuca.
- Ah, pára.
- O pós-gozada não perdoa.

Pagando a conta

- E aí, dá para aguentar?
- É foda, mas fica bem...
- Rã.
- Não te detona, faz o contrário, fica melhor ainda.
- Sonha.

Meninas & meninas

- Ué, ela já mandou mensagem?
- É...
- Mas não ia sair com um carinha...
- É...
- Não era a sessão de sexo?
- É. Deu uma hora...
- Cara broxa.

Não demonize

- É que tu tinha teu jeito, tua banda, tuas roupas. De repente tu eras como ela queria.
- Pode ser, mas não perdi nada.
- Como?
- O que eu teria ganho?
- Ah, sei lá.
- Foi bom. Melhorei.
- Mesmo assim.
- Agora eu vou ter tudo o que eu não tive: nada.

Por e-mail

Feito essa gente que anda por aí
brincando com a vida
cuidado, companheiro!
a vida é pra valer
e não se engane não, tem uma só
duas mesmo que é bom
ninguém vai me dizer que tem
sem provar muito bem provado
com certidão passada em cartório do céu
e assinado embaixo: Deus
e com firma reconhecida!
a vida não é brincadeira, amigo
a vida é arte do encontro
embora haja tanto desencontro pela vida

Despacho

Fica difícil entender essa empolgação
falando alto comigo
quando até minha voz
me incomoda

A caminho da lua

O Tyler cheirou seu avião
eu, meu barco a remo

Pena

- Chorei lendo aquele trecho do Pequeno Príncipe.
- Sempre choro, Ina.
- O Anatole chorou também.

Desencarcerador

Desviaste o beijo
fui no meio
fiquei preso nas ferragens

Professor Foca

- Tu não tem escrito.
- Tenho, já vai sair mais.
- Sempre dou uma olhada.
- É que estou escrevendo nossa história oral.
- Ãhã?
- É. Publico só trailers. Diálogos curtos.
- Por que?
- Ah, o pensamento filosófico, as interpretações e sentimentos estão guardados.
- Pra quê?
- Uma hora divulgo.
- Parece a história oral de Nova Iorque, aquela do Joe Gould.
- É.
- Só que a história oral dele era só conversa.
- É.
- Não existia.
- É.

Creme desvanescedor

Me sinto como tudo o que queres apagar
tenho que dar um jeito de sumir
antes que eu desapareça

Tratamento

- Quer morar comigo?
- Sim. Até achar onde ir.

Ontens

- E aí, padrinho.
- Opa.
- Bah, estou com uma coisa de vocês lá.
- É, eu sei.
- Quer que eu devolva pra ti?
- Não agora.

%

Um bocão, peitões, bunda, pernas e o cabelo preto fosco.
- Eu adoro samba.

Ao copo

- Não bateu o tempo solteiros, né?
- É.
- Uns vem, outros vão.
- Tu, o Bruno e agora o Primo...
- Ele também?
- É. Ele já estava namorando. Faltava ela.
- Ficou só tu...
- E Ambar, engordando de greve com o mundo em casa.

Macho man

- Não come nem nervo?
- Uaaaaiiii...
- Nem nervo quente?
- Ah, que bobagem...
- É que sempre quando digo que não como carne me perguntam: "Nem carne mijada?".

Melhor que sexo

- Chocolate adotado!
- A vida é bela.

Heil

- Os animais tem alma.
- Não muda nada não comer carne.
- As pessoas que maltratam os animais morrem de câncer.
- Conheço quem come tudo que é carne e morre bem velho.
- Paga em outra vida.
- Não tem outra vida.
- Já eu não como como exemplo.
- Ninguém devia comer.
- Calma, pequena Hitler.
- Eu tô bêbada, deixa.
- Falar só irrita mais.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

.

- Quanto tempo tu vai aguentar?
- A idéia é não aguentar
.

Wikipedia

- Tu que escreveu pra Ramona?
- Não sei.
- Escreve pra aquela outra ali, pra Piriguete.
- Oi, tão me chamando assim, agora...
- Tu sabe o que é isso?
- Não.
- Escreve pra ela.
- Não, não. Não é assim.

48km

- Tu sabe que a gente ficou junto ontem.
- Achei que vocês estivessem namorando.
- Namorando não.
- Ele foi até lá atrás de ti.
- É?
- Acho.
- Ai, ai.

Toxic

- Mick Jaeger Buddy Holly-Buddy Holly Mick Jaeger.
- Que parceria...
- Britney Spears.
- De All Star.
- É.
- O último All Star que usei tinha 12 anos.

Em off

- Oi.
- Oi.
- Que tu escreve aí?
- Nada.
- Escreve alguma coisa.
- (...) Ó.
"Eu nem sei se queria te lamber inteira
acho que isso é só coisa da minha cabeça
eu preciso é de uma amiga"
- Tem MSN?
- Não.
- Orkut.
- Não.

C17H21O4N

- Brigaram?
- Já tá num outdoor?
- É que tu tá sozinho.
- Acho.
- É foda, recém briguei com a mina.
- Bah.
- Quer fazer uma?
- Ãrrã.

Também Morrem os Verões

- Eu não ouvi o disco novo de vocês ainda...
- Nem tem como, não tem disco novo.

Em círculos

- Esse é teu irmão?
- Irmão? A gente não fudeu, mas irmãozinho...
- Meu irmão é aquele...
- E esse visual Vince Neil, aí?
- Me chamam de tudo...
- Deve ter sido difícil queimar esse cabelo.
- É.
- Sabia que eu tinha o cabelo na cintura?
- Quando ela foi rainha da Oktoberfest.
- Eu nunca fui rainha...
- Ela diz.
- Ué, mas por que vergonha de um título de beleza?
- É mentira.

Oi.

- Jesus.
- Jade.
- Ju.
- E o Bruno?
- Em Tramandaí.

Em busca da arca perdida

- Cara, muito engraçado, ele vai em todas as mulheres da festa...

Meninos & meninos

- E aí, no Esquina?
- Tá.
- Vamos se encontrar a uma no Chinelo´s, então.
(...)
- Eu quero saber o que ela quer.
- Primo, deixa assim. Não muda nada.
- Chega o fim de semana e estou tô aí, solto...
- Pega outra.
- Por que tu não pega também?

Invitation to Love

- Acho que o Mag está amando...
- Ué?
- Tem escrito pouco.

Crack mata

- Tu viu a enquete sobre quando a Amy Winehouse vai morrer?
- Não.
- Acho que vamos ter que fazer uma pra ti assim.

Charles Manson

- Fiquem aqui.
- Por mim...
- Tá.
- Vou fazer mais uma antes. Quer?
- Nunca fiz.
- Tu que sabe.
- Tá, eu quero.
- E aí?
- É bom.

Parece que...

... não há banheiros pelos quais não tenhamos passado

And if a double-decker bus crashes into us

- Ele tá apagado.
- Deixa que eu carrego.
- O carro tá ali.
- Ele não tem condições de dirigir...
- A gente leva ele no meu carro e depois volta buscar o dele.
- Mas é longe...
- Deixa que eu vou com ele no piloto automático.
- Mas ele tá podre...
- Azar.

33

- Vocês são de onde?
- Gravataí.
- Escrevo no jornal lá.
- Tu é o Jesus?
- É.
- Sou amigo do Boca.
- Gente boa, gente loca.
- Gostou da banda?
- Da espiroquiada no final, ali...
- E ano que vem, então?
- O quê?
- Tu não disse no jornal que ia te matar ano que vem, com a idade de Cristo?

Blá, blá, blá

- É aquela, a guria.
- Oi. Jade.
- Oi. Jesus.
- Ele disse que tu era mais louco que aparentava.
(...)
- Esse é meu irmão. Ju.
- Te conheço.
- É, a gente tocou junto.
- Deixa te mostrar minhas pinturas.
(...)
- Tu é sempre tão altos e baixos?
- Mais baixos.
- Mas ele tem o dom da fala.
- Falar sem dizer nada.
- Vem cá...

Mais do mesmo

- Tá onde?
- No Chinelo´s.
- Tô chegando.
(...)
- E aí?
- Vamos no Vazio?
- Tá. Tem show?
- Tem.
- De quem?
- Ah, umas bandas lá.
(...)
- Oi Luna, lembra do Jesus?
- Claro. E aí?
- E aí?
- Tiraram a Ella, então?
- Eu voltei e a Luca tinha tirado.
- Vai onde?
- No Esquina. E vocês?
- No Vazio.
- Até lá? Já é uma hora...
(...)
- Vamos no Primo, antes.
- Tá.
- E aí, tá em cima?
- Entra.
(...)
- Cara, perdi o negócio.
- Caiu na rua ou no carro?
- Sei lá.
- Vou parar naquele posto.
- Bah...
- Tá ali, ó, no tapete.
- Quer?
- Não.

Ídolos

- Há quanto tempo tu tem táxi?
- Há, faz anos. Mas sou compositor também. Toco em baile.
- É? Eu também escrevo. Canta uma aí.
- "Você se foi e me deixou
sozinho nessa cama
que a gente ainda nem pagou"
- É para alguma menina?
- Não.
- É pra algum cara, então.
- Que é isso. Só escrevi.
- Não é sobre ninguém, então?
- Não.
- Ali, ali. Pode parar. Moro aqui no Bolívia. Ainda.

Déjà vu

- Jesus.
- Ella.
- Nem tinha te visto aí, quietinha, comportadinha...
- Eu vi que tu nem olhou pra mim...
- Tá tocando?
- Tava tocando com a Luna, aí saí. E vocês, de férias?
- Depois de Deus agora é o clube do bolinha, acho...
- E a Mimi?
- A gente tem uma outra coisa, junto com o Ambar.
- Tem nome?
- Tchau.
- É biográfico, isso?
- Virou.
- Gravaram?
- Já.
- Vão fazer show?
- Não sei. Playback. Ou quem sabe tu toca com a gente...
- É só me ligar, sempre quis.
- Tá.
- A gente vai embora.
- Eu vou no banheiro.
- Jesus.
- Ã?
- Pega meu número.

Casaco do Moaça

- A gente já tocou junto.
- É?
- Em Vale Real.
- Nos anos 70?
- Vocês gritando Cocaína e as pessoas passando com o prato de galeto da quermesse...

Sid & Nancy

- Boa banda de vocês.
- Obrigado.
- Também toco.
- É?
- Depois de Deus.
- Sei, sei.
- Vocês são um casal?
- Sim. Vocês também, né?

Colecionando memórias

- Depois de Deus!
- E aí.
- Deu o clipe de vocês hoje!
- É?

(...)

- Um cigarro por um chiclé.
- Um escambo... Ó.
- Jesus.
- Léia.
- Levi.

Vice-versa

- Jesus.
- Bruno.
- Estou indo...
- Cheguei agora...
- E a Mimi?

Bananas

- Que tu achou da banda.
- Legal. Meio Iggy.
- A mina toca legal.
- Só fico meio assim com essa coisa de compor em inglês, sei lá. Já acho meio americanizado tocar rock...

Flores mortas

- Larga a gente ali na Black?
- Ali?
- Aqui, aqui.
- Ó, é ali o Clubinho.
(Tira o boné)
- E aí, Gordo.
- E aí...
- É tarde, mas...
- Entra aí.
(...)
- E aí.
- E aí.
- E aí.
- Fazendo um som...
- Vocês tocam?
- Ãrrã.
- Puxa uma aí.
- O que tu quer?
- Toca um Stones.
- "Well, when youre sitting there
In your silk upholstered chair
Talking to some rich folks that you know
Well I hope you wont see me
In my ragged company
You know I could never be alone
Take me down little susie, take me down
I know you think youre the queen of the underground
And you can send me dead flowers every morning
Send me dead flowers by the mail
Send me dead flowers to my wedding
And I wont forget to put roses on your grave
Well, when youre sitting back
In your rose pink cadillac
Making bets on kentucky derby day
Ill be in my basement room
With a needle and a spoon
And another girl to take my pain away
Take me down little susie, take me down
I know you think youre the queen of the underground
And you can send me dead flowers every morning
Send me dead flowers by the mail
Send me dead flowers to my wedding
And I wont forget to put roses on your grave
Take me down little susie, take me down
I know you think youre the queen of the underground
And you can send me dead flowers every morning
Send me dead flowers by the us mail
Say it with dead flowers at my wedding
And I wont forget to put roses on your grave
No I wont forget to put roses on your grave".
- Qual é essa?
- Dead Flowers.
- Legal.
- Quer fazer uma aí, vai.
- Tá.
(...)
(...)
- Te disse que era tranquilo.
- É.
- O gordo só disse pra eu não trazer mais ninguém aqui.
- Se espiou...
- Ele disse que pra ti tá limpo.
- É?
- É que o cara puxou cinco anos de cana...
- Bah.
- E agora?
- Vamos no Jacs ver os shows.
- Só vai ser foda algum táxi parar aqui, agora.

Despedida em Las Vegas

- Acho que vem uma nuvem negra por aí.
- Mmmm.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Conta aí...

Esperando a história da gravidez.

Nome sem h na agenda

No mesmo colchão em que amortecias meu braço, fugindo do frio daquela caixa da persiana.
Na mesma praia em que te deixei perdida, em que desmaiaste e te fiz boca-a-boca.
Ah, me arrepia a vergonha da maldade.

O cisco e o travessão

- Olha o céu, que noite, que mar...
- Deixa eu tocar uma deitado aqui, bem hippie, Ambar.
- Não, não, chega, pra que se deprimir...
- Eu gosto de tocar isso...
- O meu, pára, pára...
- Não vou parar, cara.
(...)
- Bah, o cara foi embora, se deprimiu...
- Pois é...
(...)
- Meu, o Cristiano se deprimiu ontem, na praia.
- Por que?
- É, o Jesus tocou uma das nossas e o cara surtou, puxou ele pelo braço, queria que parasse...
- Olha o roxo aqui no pulso.
- Cara, tu não sabe que o cara perdeu a mulher dele não faz seis meses? Deu um câncer e morreu em menos de um ano...
- Bah.
- Mas que música tu tocou, “se eu morrer amanhã?”
- Ovelha de soja.
- Qual é?
- “Chapado e sozinho
cansado demais
não queres ouvir, não quero falar
falar e falar
penso em ti
e agora, onde estás?
ainda gosta de mim?
porque eu não gosto mais
e agora que é sexta-feira...
cadê você
cadê você
em meio a essas quinhentas pessoas?
liguei pra falar
das crianças e da caneleira
e da ovelha de soja
mas não dá, não dá
bebendo de novo
não eras assim
e vem me dizer que é o que sobrou pra ti?
e amanhã é segunda-feira...
cadê você
cadê você
em meio a essas quinhentas pessoas?
(engordou
envelheceu
e o seu cabelo...)
um domingo
eram só domingos lá
e os mesmos carros passam na avenida e voltam
a cada domingo
a cada domingo
a cada domingo
a cada domingo
a cada domingo
a cada domingo

Abraço de afogado.

- Eu queria ligar pra ela, será que ela sabe o quanto eu amo ela?
- Acho que não, Ina. Liga.
- Tu falou com ela?
- Ela chorou... Nunca me senti tão mal na minha vida.

Marés.

- Um pastel de queijo.
- Só um minuto.
(...)
(...)
(...)
- E o pastel?
- Só tem carne e camarão. Acabou o queijo.
- Não como carne.
(...)
(...)
(...)
- Um milho, por favor.
- Saiu o último agora, tem que esperar uns quinze minutos.
- Deixa, então.
(...)
(...)
(...)
- Vocês vão ficar aqui?
- Sim.
(...)
(...)
(...)
- Ô, onde tu tava?
- Sentado ali. Saí do mar e fui lá, mas vocês tinham saído...
- A gente tá ali.
- Tá com o cigarro, Ina?
- Ó.
- Me dá o óculos.
- Que óculos?
- Que eu deixei enrolado na camisa...
- Bah, quem pegou a camisa?
- O Primo...
- Eu peguei mas não vi que tinha óculos...
- Vou procurar...
- Azar, já era.
- Mas tu vai passar o ano novo sem ver nada...
- Ver o quê? Eu tô preso dentro da minha cabeça.

Chili?

Não.

Fundo liso.

- Os amigos do Stifler devem tá se divertindo agora... Ele taria ali, batendo cabeça...

Panqueca napolitana

“wwwpontovolta pra mim
eu só sou felizpontocom você”.
- O produtor deve ter adorado essa...
- É, que sacada...

Osnis

- O que vocês ficaram fazendo?
- Umas imagens, na praia, amanhecendo...
- Tá e entraram na água?
- Ãhã.
- Bêbados?
- É. De calça.
- Bah. Mostra o vídeo, aí.
(...)
- Ah, e essa atuação? O peso do mundo nas costas ahahah, que gay, parece um clip do Morrissey ahahah...
- É, meio Enjoy de Silence, do Depeche.
- Aquele do cara com a coroa no troninho, na montanha, no meio do nada...
- É o teu clipe preferido, né?
- É.

Piripiripiripiricat

- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh...
- Ó, não é o Aquiles ali?
- Pára ali, pára...
- Essa hora?
- É, pra incomodar.
- Ó, a gente trouxe teu chefe aí.
- Onde?
- Ali no portas-malas.
- Abre.
- E aí, meu... A gente ficou preocupado, se tu tinha te matado...
(...)
- Bah, e aquela hippezinha?
- É, ela falou do sonho em que os planetas caíam e o Primo e o Cristiano já disseram que tinham sonhado também. Só que um não tinha olhado pra cima e o outro não sei o quê...
- Não é meu tipo.
- É mas tu te assustou com aquela loira de olho verde do teu lado aquela hora.
- Sim, daquele tamanho, fiquei com medo, soprando a fumacinha no capeta....
- E a poesia que tu fez pra ela?
- “Limão mancha
tira o arrepio da vodka
azedo
não sente a língua?
não sinto nem o pau”.

Friday Night Lights

- Vida de zagueiro, de quarterback.
- Ãha?
- Bom pra defender os outros, pra dar balão, encontrão. Pro cara mesmo...

No divã.

- Tá, e ninguém foi na Angelina?
- Ela disse lá na praia que tava carente...
- Podia até pegar um homem, mulher não quero nem ver.

Feliz

- E aí, querem fumar? Deixa tocar uma?
- Pega aí.
- “A no feelings, a no feelings, for anybody else...”
- Vocês tem uma banda?
- É.
- Qual é?
- Depois de Deus.
- Nunca ouvi falar. A gente é de Feliz.
(...)
- Ó, ali, os amigos de vocês.
- E aí, beleza?
(...)
- Mas eles tem uns 12 anos, Jesus... Olha a cara dos pais deles ali...
- É, Ina. Estão dizendo: “Que bom, vocês arrumaram uns amiguinhos da nossa idade!”.
(...)
- Faz assim, quem achar, não paga nada.
- Olha a motivação...
- Bah, cara, apertei todo mundo, ninguém tem nada. Mas pelo menos fui nos certos. Todo mundo disse que tava atrás...
(...)
- Olha os amiguinhos de vocês ali, buzinando...
- Peraí que vou ver se eles sabem quem tem alguma coisa.
- E aí?
- E a Vivi?
- Acho que não tá aí...
(...)
- Olha os amiguinhos de vocês, lá atrás...
- É.
- “10 reais!”
- Eles tão cantando Cocaína?
- É, Irina.
- Bah, tu é meio tipo aquele cara... aquele... que tinha uma seita, uns discípulos...
- O Charles Manson?
- É...
- De tudo eles só pegaram a merda...

Música incidental


Vice-versa

- Meu pai não tá bem. Acho que é o momento que ele mais precisa de mim.
- Tá, e tu?
- Eu também já precisei dele e o esforço que ele fez é o mesmo que eu, agora.
- Senti vingança nisso...
- Se é, não sei, mas não tenho a mínima condição de fazer esforço por ninguém. Nem por mim...

16

- O que tu fica escrevendo nesse bloquinho?
- Pouco.
- Olha a prima da Ina...
- Apresenta.
- Ó Ju, esse é o... Esse é o...
- É bonita. Que idade tem?
- 16. Tá mas não, não, não...
- Ficou braba...
- Faz uma poesia pra ela aí nesse teu bloquinho.
- Ãh (...) Ó.
- Deixa eu ler.
- Lê em voz alta.
- “Eu queria pegar a tua beleza e esfolar nos paralelepípedos. Te rasgar no meio. Pra ti aprender cedo”.
- Bah.

Coma White

- E aí, é verdade?
- É, acho.
- Ah... Não acredito mais no amor.
- Desculpa, então.

Sal da Terra

- Amor pela metade não me serve.
- Me dá um abraço, aqui, não chora.
- Me dá o direito de sofrer?

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

A caminho da praia

Eu estava derretendo no mormaço e no mijo, queimando a garganta.
Foi quando o anjinho pousou. Era meu anjinho da guarda. Aquele que não me reprovava mais. Que disse que só viria de vez em quando, agora.
Branquinho, branquinho, branquinho. No corpinho as constelações desenhadas, um caminho que eu tentei percorrer com dedos de bebê, da assinatura divina no rostinho até a bundinha que eu tinha até dado um tapinha no dia em que nasceu.
Me deu aquele sorrisinho infantil com a cabecinha meio de lado e as mãozinhas na cintura:
- Ó.
E virou.
Tinha agora asas negras.

Roubando ar na Terra

Várias vezes
eu quis gostar mesmo, mesmo de viver
várias vezes
quis fazer o que a gente tinha combinado
várias vezes
quis que não fosse só cocaína
várias vezes
quis ter vontade de mudar
várias vezes
quis parar de tremer os dedos do pé
várias vezes
quis te ouvir ouvindo
várias vezes
quis falar menos de ti
várias vezes
quis sentir logo ali o que estava recém sentindo
várias vezes
quis te trazer um presente
várias vezes
quis aprender a limpar a bunda sozinho
várias vezes
quis parecer menos para que soubesses que eu precisava mais
várias vezes
quis beber menos
várias vezes
quis aprender a conversar
várias vezes
quis saber se era amor o que eu sentia
várias vezes
quis te libertar
várias vezes
quis que tudo ficasse igual
várias vezes
quis dizer que estavas errada
várias vezes
quis errar mais
várias vezes
quis te foder
várias vezes
quis te empurrar para fuder com alguém
várias vezes
quis sentir tesão por ti
várias vezes
quis sentir tesão por outras pessoas
várias vezes
quis sentir vontade de dar o cu
várias vezes
quis dormir sem ter que rezar
várias vezes
quis ser realmente alguma coisa
várias vezes
quis abortar textos patéticos de minutos
várias vezes
eu quis mesmo, mesmo gostar de viver
mas eu não queria ter conhecido meu ídolo

Obrigado (por tudo e por nada)

Lembra o último abraço?
lembra a última vez
que disseste que fiz a coisa certa?
lembra a última vez
que disseste eu te amo primeiro?
lembra o último beijo?

O silêncio engasga

Não fica assim
eu não falo
e nunca falei por mal
o que digo vale
também pra mim
e se eu vejo por ti
e você vê por mim
então sabemos de tudo

Você podia se esconder um pouquinho?

Parece que não há ruas pelas quais não passamos.

Eu sou uma mulher

Acho que dessa vez ela vai escolher um homem.

Colagens e pequenas belezas

A felicidade tem um roteiro. É o do “Império do Sono”.

Henry & June

Anaïs:
- Hoje eu o odeio francamente. Estou contra você.
Allendy:
- Mas por quê?
- Sinto que você me tirou a pouca confiança que eu tinha. Sinto-me bastante humilhada porque confessei a você, e eu confesso tão raramente.
- Está com medo de ser menos amada?
- Sim. Definitivamente. Conservo uma espécie de concha à minha volta. Quero ser amada.
Eu lhe falo sobre meu modo de agir como uma criança com Henry, através da minha admiração. Como eu temera que isso tirasse a sensualidade dele.
Allendy:
- Pelo contrário, o homem adora sentir esse senso de importância que você lhe dá.
- Imaginei imediatamente que ele me amaria menos.
Allendy ficou assombrado com a extensão da minha falta de confiança.
- Para um analista, sem dúvida, isso é muito claro, mesmo em sua aparência.
- Em minha aparência?
- É. Eu vi imediatamente que você tem modos e postura sedutora. Somente as pessoas inseguras agem sedutoramente.

Pingüim

Ele me abraçou:
- A hora que tu precisar, a hora que tu precisar...
- Tu sabe que tu foi meu primeiro amor.

Papai e mamãe

Tudo o que estava conversado, certo, entendido e combinado se desfez quando eu deitei do teu lado e te abracei.
O cheiro da tua nuca, meu pau duro.

Diabético

Eu preciso vomitar toda a doçura de dentro de mim.

I hate myself and i wanna die

- Nessas horas o cara pensa em tudo.
- É, só merda.
- Até em suicídio...
- É. Mas eu ainda tenho pelo menos duas contas a acertar.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

The Big Bang Theory

O meu amor por ti só pode ser maior do que o que eu tenho por mim.
Ou seria nulo.

Hoje acordei sozinho
numa casa que não é minha
e todos os olhos que vi
eram de despedida
de adeus
Você não sabia que seria assim?
Você tem medo do que vai achar?
Bem, talvez um dia...
Tão desesperançoso
e ao mesmo tempo tão inexperiente
eu não podia deixar isso me fazer desistir de amar
Tenho tanto tempo...
mas nenhum tempo vai ser suficiente para nos encontrarmos de verdade outra vez
Eu não entendi ainda como você espera que eu fique e se você teria alguma coisa mais a pedir
quando não sobrou nada
não sobrou nada
Tenho tanto tempo
e tão pouca paciência
e ninguém tem nem o número do meu celular
Tão desesperançoso
tanto tempo...
mas não tanto tempo para continuar errando
Hoje acordei sozinho
numa casa que não é minha
Acho difícil que você soubesse que seria assim
Acho difícil a gente saber o que achar logo ali
Quando eu conseguir entender
e talvez enxergar pelo teu ponto de vista
talvez eu me acostume
talvez eu goste mais de mim
como quando eu me sentia amado
quando eu achava que só isso chegava
e aí talvez eu acerte
da próxima vez
E se eu penso em todo tempo que você ficou esperando
e em todo tempo que eu esperei
e não chegamos a lugar nenhum
me parece que não precisamos dizer mais nada nem que as coisas são assim
E por que mesmo elas seriam assim?
Esse não é um lugar que eu possa dizer que não conheço
na verdade esse sentimento é uma das minhas primeiras lembranças
e se eu voltei para cá
podia ser você (eu não ia deixar)
A água recuou e eu fiquei parado
até não ter pra onde ir
e tudo o que eu tinha
foi levado daqui
Eu nem quero achar alguém como você
eu preciso me encontrar primeiro
sem você
A água recuou e eu fiquei parado
tentando entender porque meus amigos me acenavam
é que tudo o que eu tinha estava ali
e em um segundo não estava mais

Esquizo.

Escrevo-lhe porque não tenho ninguém a quem recorrer e parece-me que se esta farsa é clara a uma pessoa doente como eu, deveria ser clara a você. Minha família me abandonou vergonhosamente, não adianta pedir-lhe auxílio ou piedade. Já aguentei o máximo e isto está estragando minha saúde e fazendo-me perder tempo e querendo que eu acredite que meu mal é curável.
Cá estou no que parece ser um semi-limbo-de-loucos, só porque ninguém achou que devia dizer-me a verdade sobre as coisas. Se eu soubesse o que havia como sei agora eu teria aguentado, creio, porque sou forte, acho. Mas aqueles que deveriam esclarecer-me não quiseram fazê-lo. E agora, quando sei e paguei tão grande preço para saber, eles ficam ali sentados em suas vidas e dizem que eu devia acreditar naquilo em que acreditei.
Sinto-me só o tempo todo longe do que eu tinha por família e do que eu tinha por amigos. Vagueio por todos os lados numa espécie de confusão.
Já que você não quer aceitar minha explicação sobre o que há, podia pelo menos explicar-me o que você acha, porque você tem uma bondosa cara de gato e não aquele ar engraçado que parece estar em moda aqui.
Gostaria que alguém estivesse gostando de mim, como antes de eu ficar doente. Creio que se passarão anos, no entanto, antes de eu poder pensar numa coisa dessas.
Por enquanto vou ficar aqui cantando:
"A mulher nunca sabe
Como é bom seu homem
Até o dia em que o manda embora..."
.................................................. ...........
Carta de Nicole para Dick, em Suave é a Noite, do Fitzgerald

Já era

Ficar botando coisas aqui é bom.
Velhas.
Mas únicas.

O beijo que demorou dois anos (e não veio)

Salgando a chuva
numa esquina de dezembro
senti por um instante a tua mão na minha
(não era)
acendo todas as luzes, falo comigo mesmo
mas não consigo parar de te ouvir cantando todas as músicas
(e não está tocando música nenhuma)

O que eu vou fazer?
"continuar se matando", como alguém me disse
mas e a vida que eu poderia ter vivido?
foi embora ontem...

Não queria ficar só lembrando
mas também não queria esquecer
só queria conseguir fazer as coisas que eu tenho que fazer
e não queria ficar só esperando
nem sentir raiva, paranóia
por uma falta de amor próprio
que você nem tem nada a ver

O orgulho de se achar diferente
tão melhor que qualquer um
me fez pensar que esse amor era especial
o orgulho era egoísmo
era um estupro consentido
e agora nem orgulho eu tenho mais para te dar

O que eu vou fazer?
"continuar se matando", como alguém me disse
só o que eu sei é que não poderás ser minha melhor amiga para sempre
(foi embora outra vez)

Agarrado nas palavras
como um colete salva-vidas
inútil quando olho em volta e só tem mar
mas cães morrem nas ruas
e há pedófilos nas famílias
então essa choradeira toda até me envergonha e deve te envergonhar
(desculpa)

Meu preferido, o das misses

http://www.youtube.com/watch?v=I...h? v=IceISujshAs

Das primeiras do Pai Merdanelles

Carta ao Ivan

Tive medo de ouvir “às vezes céu”.
Esse pedaço da tua vida, da vida de vocês, da minha vida, recebi com a carta de 19 de outubro de 2004. Escrevo só hoje, dia 13 de janeiro de 2005, às 23h37min. Se não me tivesse pego no telefonema daquela manhã seguinte de ressaca, talvez estivesse fugindo ainda.
Pois escrevo então para me desculpar por não conseguir escrever. Não tenho distanciamento nenhum. E qualquer parâmetro só consigo traçar com minha megalomania. A primeira vez que ouvi o cd um tsunami de lembranças me lavou. E “lembranças não valem nada...”, tu disse. Mas meus olhos transbordaram de leve, orgulhoso. E consegui ver um pouco além mim. Pensar nas plantas que não cuido. Voltar a gostar de música. Me empolgar numa noite sem coca... aquele que “não compra tantas brigas, não sorri como sorria”, como disse eu... pelo menos riu sozinho em “um momento suspenso no tempo... um olhar que escapa num segundo, esconde nossas histórias, a vontade e a coragem de se entregar”, como tu disse.
“Alguns dizem que tenho talento pra melancolia”, tu também disse. Mas saber-se diferente mas igual ao que se sabe que é o que se deve ser pra ser a si próprio é um alívio. E “às vezes céu” me deu esse abraço. “E sempre tem alguém tentando te botar pra baixo... mas quando a gente fecha a porta e tudo fica lá fora: tudo parece simples, tudo parece certo”, tu disse. Nem um Don não tem dúvidas. Sabes por ti, acho. “Não acredito em quem diz não sentir medo”, tu disse. Precisamos de algum contato. “Não somos só nós”, eu disse. E ouvir o disco me fez conectado com algo, me fez confirmar que a arte é vida, não é só um canal, um meio, um estilo, uma fuga ou um refúgio. Ter convivido um pouco contigo e depois ouvir o trabalho pronto me tirou qualquer dúvida sobre a teoria de que esses mundos que criamos é que são a expressão do que acontece por aí. Esses paraísos e infernos não-rebaixados, marginais... esses documentos que deixamos sob uma ótica não comprometida com a sobrevivência... são a história.
Quem poderia contá-la por nós?
E “às vezes céu” é um livro, a biografia de um híbrido de alguém que se pareceria com nós todos, um pouco de cada... “a gente faz um mundo só pra gente”, tu disse. Só que “ao abrir os olhos de manhã meu mundo desapareceu”, tu disse também.
E “às vezes céu” me fez perder algum tempo falando sozinho, preenchendo o que era o vazio aluguel entre meu abrir e fechar de olhos. E o dia não passou tão rápido... e tudo por não se sentir só. E aquele que achava não precisar de uma confirmação sobre si mesmo sorriu ao recebê-la de quem admira. Não numa encomenda, mas num símbolo __ construído antes e depois __ de uma vida de semelhantes sonhos reais. Onde se dá, a toda essa doação, valor. Diferente dos mergulhos ali, logo além da “distância que dura mais ou menos dois copos” onde “depois me solto e sou capaz de ir pra casa mais próxima, com quem quer que seja, em busca de um pouco mais”.
Gosto muito de “às vezes céu”, como gosto de ti. És um artista que respeito. És um dos únicos artistas brasileiros dos quais não tenho vergonha, pena ou desprezo. Daí espero que tenhas consideração por esse desabafo e esse pedido de desculpas por não mandar para ti uma resenha tradicional __ como, talvez, esperavas. “E agora sozinho, sou apenas mais um cara, o papel em branco, a caneta, um cigarro, um trago... não existe fim”, tu disse.
É isso?
E minha cabeça está virada. Queremos ter um filho. “Já faz algum tempo que eu sai de casa”, tu disse.
Mas, cara, que letras...
E parabéns pelo bom gosto de todos na tradução dessas poesias para as canções. Grandes simples arranjos.
Deixo uma pra ti, feita nos dias depois de ouvir “às vezes céu”:
“Sobrenome
Meu sobrenome
é talvez
é esquecimento
é nunca foi
é poderia ter sido
e eu aqui
nem lembro a idade que tenho
nada mais pra dizer
desapaixonado
mal-agradecido com o que é e onde está
sonhavas com menos, lembra?
e o que queríamos ontem
estava lá
mas já não era o suficiente, lembra?
rir
do que?
Embarco em outra viagem do ego
se não sou quem pensava que fosse
quem é?”

Um abraço pra ti, amigo Ivan, outro para a amiga Adri, e também para os amigos Rodrigo, Carlão, Camarão e André. “A dor e a verdade num riso contigo... a cumplicidade... um mar dividido...”, tu disse.
A minha verdade também não me ajuda. Mas isso é bênção, acho. Tu sabe. E sei que me perdoas. Até.

Nas sombras

Quem me ver, não vai me enxergar.
Então vou ficar revirando algumas coisas para ficar um pouco bem ao achar uma lanterninha, com a luz vermelha, de brincar com os gatos.

Umas das idas do nada a lugar algum (15 de agosto de 2006)

A menina me passou a ligação.
- Jesus, é a Pola, do Centro de Arte e Cultura.
- E aí...
- Queríamos que escrevesse uma coisa pra nós.
- Pode ser.
- Vamos reunir o pessoal no Círculo da Pizza, terça-feira, ao meio-dia.
- Tá.
Não fui. Tinha chegado num ponto em que só fazia o que estava a fim. E não estava a fim de muita coisa. Ou desistia logo. E o que eu queria - mais ou menos - era gravar o disco novo: “Depois de Deus”, só com uma data de validade como nome. Dois ou três balões depois (e um livro que mandei, não meu), a Pola parou de ligar.

Anatole, no telefone:
- Vai na despedida do Mag?
- Despedida do quê?
- Ele e a Tatiana vão para a Croácia...
- É, né... onde vai ser?
- Ah, num bar cabeça aí - debochou, colocando tils, prolongando o “b” e acrescentando um “m”, para dar uma portoalegrada na pronúncia.
Ficava algo do tipo “cãbbbçãm”.

Era sábado. Umas 14h liguei para o Mag.
- Tá aí, já?
- Ãrrã.
- Vai ficar aí?
- Se tu vier eu espero.
- Falou. O Cica vai?
- Não sei, acho que não...
Tinha vontade de ver o Cica, apesar dele nunca ter vontade de ver ninguém.

Levei o celular, para Mimi ligar depois. Passei antes no Saco´s, que fica ao lado do Bolívia, onde moro.
- Um branco seco, por favor. E um lights, maço.
- Só box.
- Pode ser.
Fiquei olhando o Careca, no caixa. Estava sempre ali, a mesma cara de o-que-estou-fazendo-aqui. Era um espanta freguês. Tinha até suspendido as transmissões dos jogos depois que comprou o bar. Devia pensar “esses bêbados fugindo, chatos, puxando assunto” ... O que não adiantou muito, pois logo vi ali o cara de sempre, aquele. Ia falando com um e outro, matando o tempo enquanto morria. Tinha mais gente trabalhando que clientes, mas mesmo assim fui doce:
- Ainda dá para fumar?
- Não.
Fiz um fundo liso e fui, deixando para trás a foto do papa João Paulo II, abençoando a família. O Mag ligou. Me atrapalhei com o celular.
- Não vem?
- Estou indo. Ó, chegou um Santa Casa...
Já meio chuco, sem almoço, olhava pela janela. O bairro, onde tinha estudado quando guri, mudou nos três anos que estava aqui. Até um viaduto tinham feito. Os moradores de rua não eram mais os mesmos. E meus olhos demoravam mais a baixar com o vinho... e a sensação de relaxamento explicava porque eu bebia... e eu sabia que não ficava só num copo... e eu tinha que fazer um exame para ver se o esperma não estava gasto... e minhas férias estavam chegando... e eu podia ajudar um gato, um cão, mais que um homem... eu tinha sido processado por dizer que só faltava achar o padre na zona... e uma menina bonita subiu e eu sabia que a beleza sumia em duas, três palavras... e eu engasgava pelos desaparecidos... e a “Sara Nossa Terra”, ali, na janela, com um cara sorrindo para quem chegava, com um cabelo de gambá...

Desci na esquina do Sala. Lembrei que era para gravarmos naquele fim de semana. Só que esqueci de marcar com o Rene. Peguei a Independência e segui, passando o prédio do Sid e pensando em mais um vinho. E em mijar, também. Caminhei até onde ia para não fazer o que tinha planejado: o Ponto, Bom Fim.
- Um vinho tinto, por favor.
Me olhei no espelho, entre os abacaxis e laranjas do balcão. A vida é boa (não sei que pontuação colocar aqui).
Chovia fino.

Cheguei no Fitz. Mag numa amarguenta, de fora, já sem colarinho. Um pessoal arrumava roupas que seriam apresentadas num coquetel, ali.
- Maura, olha quem tá aqui - o Mag chamou a menina do balcão.
- Jesus, que diferente...
- É...
- Seja bem-vindo...
- Tá, velha... - disse baixinho, só para o Mag.
A Maura era amiga do “ginásio”, dos tempos do contra. Me pareceu que o “lesbianismo pra chocar” não era tão para chocar, quando ela voltou a cochichar com a “amiga” atrás o balcão... Legal. Tinha tomado um fora dela e de outra amiga uma vez, lá no Fim. Me pediram para escolher e eu queria as duas.
- Que tu tá pensando?
Pedimos um tinto, uma garrafa. Acendi um cigarro. A Tatiana chegou.
- Tu tá fumando? Maura, olha aqui... o que a gente tinha combinado?
- Peraí. Quer me mandar embora? - ri.
- Tem lei agora, em Porto Alegre. Não pode mais fumar.
Conversamos, em meio à fumaça, do Oriente Médio ao jornalismo de ata feito em Porto Alegre, passando por como sexo não estava com nada, mesmo. Só eu fumava. O lugar era pequeno e fui ficando orgulhoso da névoa que criava. Ia ao banheiro com o cigarro na mão e a fila sumia, essas coisas.
- Como vai ser a viagem? - perguntei.
- Vamos locar um carro e ir pelo litoral. Lá tem praias e ruínas históricas juntas... - o Mag se empolgou.
- Mas não tem perigo? - caguei-me.
- Não, não. Turismo é comum lá - Tatiana ensinou.
Anatole ligou. E veio, ele e a Ina. Passamos para a cerveja. Chamamos entre o “mesgum de folhas verdes” e “bruschettas” uma água da pipa e umas cinco vodkas.
- E o curso de vela, Anatole?
- E o Pichot, e o Pongo, Mag?
Um dos cachorros do Mag uma vez me fez subir numa árvore. Eram sempre mimados e violentos. O Mag tinha ciúme deles...
Comprei um fino por ali e fomos buscar Mimi para jantar no Micros.


Chegamos no Chinelo´s, eu, Mimi, Anatole e Ina.
- E aí, Jesus - acenou um cara, a quem devolvi, logo perguntando a Mimi quem era.
Fomos ao Sala.
- Numa festa a fantasia, até numa festa gótica, as pessoas se montam, mesmo. Aqui são máscaras invisíveis - observou Mimi.
- É.
Chegou o Bruno e a Carla.
- Fui lá no São João - ele contou.
- Foi?
- Pedi para entrar, fui lá.
- Por tudo? No pátio, na mesa de pingue-pongue, no lugar da fila, as araras, o brinquedão...?
- É. Tá tudo igual.
- Bah.

O jogo era às 19h. Fomos eu e o Mile. De ônibus. 17h estávamos na Praça XV. Entramos num bar.
- E o disco?
- Estamos fazendo.
- Como vai ser?
- Não estamos pensando num cd inteiro. Vamos gravando e disponibilizando para quem quiser baixar... Quero fazer uns vídeos, não clipes, vídeos...
- Vocês estão sempre à margem, tanto tempo...
- Tem sempre um fim de ano para as turmas. Meus amigos estão aí ainda, acho...
- Até quando vai isso?
- Acho boa a longevidade, sei lá. Sou meio gato, gosto de rotina. Eu estou aí...
- Pena que não conheçam vocês...
- Quem procura, acha. Vi tanta gente querendo fazer uma coisa que era a coisa de hoje e quando a coisa ficou pronta já era a coisa de ontem. Tenho pena de todo mundo, de mim... Minha coisa é a mesma de sempre. Nada - falava em voz alta, para me convencer..
- Vamos?
- Deixa eu fechar um no banheiro.
“O vamo, vamo Inter”... e eu estava me mijando no ônibus. O engarrafamento era grande. Me desesperei e comecei a gritar:
- Abre, abre.
O coro veio. O cara abriu a uns 300 metros do Beira-Rio. Corremos até uma árvore.
2 a 0. 2 a 1 dava pênaltis. E teve uma falta para a LDU nos acréscimos. Eu pensava: “O Inter é poesia, mesmo. É a redenção só ao subir aos céus”. Mas o Clemer pegou.
- Olha o carro.
- Vi, vi.
Atravessamos a rua jogando o peso do corpo para a frente, mirando a reta, bêbados.
- O cara tem que ser cagão.
- É. O cara ou é cagão, ou é um babaca. Em tudo, em tudo... O contrário de cagão é babaca. O cara metido só se fode.
- E a bebida é um milagre enquanto dura o efeito.


Mimi ia tatuar a mãe e eu e o Primo fomos lá no Anatole, sábado. Jogo do Grêmio na tv. O Jr. estava lá. Mais a Irina, a Lucia e o magrão dela.
- Vai um suco de artista? - veio o Primo, na cachaça com abacaxi.
A Prisca ia embora para a Argentina na semana que vem.